quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

FLORES, poema do dramaturgo romeno Eugène Ionesco (1909-1994), um dos maiores nomes do teatro do absurdo, escrito quando o autor tinha 20 anos.





As flores coletadas em vidros
aprisionadas
estão chorando
E sonhando com borboletas em pomares de sol.
As flores pensam: -Morremos recolhidas,
exiladas da vida.

Tão triste e patético o gotejamento de água
que forma pontos de luz.
Uma das flores desabafa: - Todos pensam que somos apenas pétalas.
Só nós sabemos o peso das nossas lágrimas
brotando de nossa alma.

A abelha traz notícias das irmãs.
Há um clima de profunda nostalgia
crescendo entre as flores presas.

Saudade das flores silvestres.
Elas sonham com borboletas enquanto morrem.
À distância, nos pomares,
brilha o sol.

Tradução livre de Jaime Leitão

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