domingo, 13 de fevereiro de 2011

O QUESTIONADOR, poema de Julio Cortázar

Não me pergunto pelas glórias ou derrotas
nas grandes batalhas,
quero simplesmente saber onde vão se acumulando
as andorinhas mortas,
para onde vão as caixas de fósforo usadas.
Por maior que seja o mundo,
não se pode esquecer
das mínimas coisas
como os pedaços de unhas cortadas , os pelos,
os envelopes fatigados e amassados, os cílios que caem.
Para onde vão as nuvens , a borra do café,
os almanaques de outros tempos.
Pergunto por tudo aquilo que nos move ;
nesses cemitérios imagino que cresça
pouco a pouco o medo
que de uma pedra
nos mira com olhar sinistro.

Tradução livre de Jaime Leitão

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