domingo, 14 de novembro de 2010

A CASA EXILADA, poema do poeta tibetano Tenzin Tsundue (1975)

Nossa cobertura de telhas pingava
e as quatro paredes ameaçavam desmoronar,
mas pretendíamos voltar para casa logo.
Não nos deixaram.

Cresceram mamões
na frente da nossa casa
pimentões no nosso jardim
e limbos nas nossas cercas.
Em seguida, abóboras.
Os nossos bezerros escaparam para a rua
e desapareceram.

A grama tomou o telhado,
grãos germinaram
e destruíram as videiras.
As plantas rastejaram pelas janelas.
A nossa velha casa parece ter criado raízes.

As cercas continuaram crescendo no meio de uma selva.
Como poderei dizer aos meus filhos
De onde viemos
Se a nossa casa se transformou
Em uma floresta estranha?
Os quartos
a sala
a cozinha
sumiram no meio da vegetação
espessa.

Tradução muito livre do inglês por Jaime Leitão

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