quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Direções, poema do poeta curdo Ahmad Kajal (1967)

Quando ele se encontrava nas montanhas
e tirava os sapatos,
eles sempre apontavam para a sua cidade
Como se lá houvesse um ímã sentimental
Que o atraísse e o chamasse.
Mas nunca pensou
Que a sua terra natal
Fosse um dia libertada
Dos invasores.

Agora que ele está em sua cidade,
Em imaginação e sonho,
onde quer que ele deixe os seus sapatos,
Na montanha ou na planície,
eles apontam para terras além da sua
e para a sua própria terra,
que ele sonha um dia reencontrar
pisando no seu primeiro chão
percebendo-o na miragem
que o exílio sempre vê.

Independente da direção de seus sapatos,
ele vai viajar através do coração de seu país,
os mitos
as lojas em que esteve
em um dia distante
a arca de madeira de sua avó
e, no porão de uma casa feliz,
ele fecha muitas portas coloridas sobre ele
como aquelas portas das histórias de sua infância
que a sua avó ainda lhe conta
numa sombra com uma pequena luz
focada em ambos
colhendo memórias
infinitamente presentes.

Tradução literal do curdo por Choman Hardi
Segunda tradução do curdo por Mimi Khalvati
Tradução livre por Jaime Leitão

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