Houve uma vez um número
Puro e redondo como o sol
Mas só
muito sozinho
com uma solidão ampla e circular.
Ele começou a contar com os seus próprios recursos
de número solitário.
Dividu-se, multiplicou-se
Subtraiu-se, adicionou-se
E manteve-se sempre sozinho.
Ele chegou a um ponto limite
e parou de fazer acerto de contas consigo mesmo.
Fechou-se a sua volta
E passou a usufruir da pureza do sol.
De fora ficaram os ardentes
Traços de seus cálculos.
Eles começaram a perseguir uns aos outros através da escuridão.
Para dividir, quando deveriam se multiplicar.
Para subtrair, quando deveriam se somar.
Isso é o que acontece no escuro.
E não havia ninguém para perguntar
Para tirar as dúvidas
Para conferir os resultados
Para parar a perseguição
E lançá-los para fora
Dessa guerra numérica
Que não cessava nunca.
Tradução livre por Jaime Leitão
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