Choram os ianomâmi o choro do início.
O buraco é fundo profundo mais fundo do que o mundo.
Os homens e as mulheres estão dependurados em um cipó ambé-coroa.
Crianças dormem sem saber.
O céu desce
Em queda livre
Para o abismo do azul.
As árvores ainda não foram criadas.
O sangue dos ianomâmi virou um rio
Que se espallhou pelo não ser das coisas.
Alguns ianomâmi permanecem morando
sob a terra
sob o sob do tempo congelado.
Deitados baixo.
Deitados longe.
No ar e nos buracos do céu cheio de rachaduras.
Céu trincado.
Intrincado.
Os xamãs seguram o céu e o mundo
Tão ainda no começo
Só um esboço.
(Adaptação livre por Jaime Leitão)
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